O marketing deve mentir para vender mais?

por Diego Ivo

Os profissionais de marketing e publicidade carregam um certo estigma por mentiras ou grandes exageros usados em alguns comerciais para manter a boa imagem da empresa diante do público geral.

Por isso, o senso comum muitas vezes acredita que é o dever do marqueteiro mentir sempre que necessário para atingir as metas de faturamento. E muitos dizem não acreditar que seja possível falar a verdade em um texto publicitário!

Um minuto, senhores. É bem verdade que há muitas publicidade enganosas, mas nem por isso essa deva ser a essência da publicidade e da propaganda. Vamos entender um pouco por que achamos que a publicidade é uma mentira deslavada e como podemos fazê-la da melhor forma e falando a verdade.

A publicidade não fala a verdade?

Cansamos de ouvir comerciais que falavam de produtos revolucionários, que iriam mudar para sempre a nossa maneira de fazer uma atividade e, no fim, tratava-se de um produto que, não só não mudava nada, como na maioria das vezes sequer funcionava ou quebrava com apenas uma semana de uso.

Temos, de um lado, esse tipo enganoso de comunicação. Porém não é errado de modo algum, se uma empresa como a Apple insistir que seu mais novo iPhone ou iPad será mais revolucionário que todos os anteriores, mesmo que as diferenças de uma versão para a anterior sejam praticamente imperceptíveis ou, se o uso geral que fazemos do produto não faça muita diferença do modelo anterior para o recém-lançado.

A potencialização das qualidades

Existe uma linha muito tênue entre a verdade e a mentira na publicidade.

A boa publicidade, ao contrário de um texto de filosofia ou uma lei jurídica, que deve ser a mais exata possível, não trata de comunicação de conceitos. Aristóteles seria provavelmente um péssimo publicitário. A boa publicidade vai lidar basicamente com uma comunicação emocional entre anúncio e consumidor, com o objetivo de persuadi-lo a comprar um determinado produto pelas qualidades incríveis que possui.

De um modo geral, costumo dizer que marketear um produto ou serviço é potencializar todas as suas qualidades e neutralizar os seus defeitos, para que numa percepção de relação custo x benefício o consumidor sinta que está fazendo a melhor compra por causa das qualidades do produto.

Agora entramos no “x” da questão: as qualidades desse produto são tão incríveis assim?

Um bom produto ou um bom marketeiro?

Vamos percebendo que para fazer um bom marketing de um produto, precisamos que esse produto de fato seja bom.

Porém, é muito possível que um mau profissional tenha em suas mãos o mais desejado dos produtos de 9 entre cada 10 pessoas que formam o seu público-alvo e ainda assim faça uma péssima campanha do dito cujo.

O que aconteceu? Ele certamente não soube comunicar as qualidades incríveis que o produto possuía.

O seu hi-phone não é um iPhone

Do mesmo modo, não seria nada honesto vender um hi-phone como se ele fosse um verdadeiro iPhone. Ainda mais numa era de Internet, em que tudo o que acontece pode ganhar proporções mundiais muito rapidamente.

Ainda que você não tenha o melhor dos produtos em mãos, é possível criar a melhor publicidade para ele. É fundamental conhecer bem as suas qualidades e defeitos, suas oportunidades de mercado e ameças (o famoso SWOT) e buscar uma comunicação sincera, mas que dê o máximo de força para as qualidades que o produto possui.

No caso de um hi-phone, que está longe de ser o melhor celular do mundo, mas que tem cara de iPhone, uma boa ideia seria abordar o seu preço incrivelmente baixo, a aparência de modernidade, e o fato de possuir dois chips, coisa que nem mesmo o iPhone tem. Portanto, se esse consumidor quer economizar nas ligações melhor seria ter um hi-phone em vez do aparelho da Apple. Comunicando essa verdade, o publicitário venderia mais.

Viu como podemos fazer marketing falando a verdade? A questão é sempre dar ênfase que à qualidade que o produto de fato tem (não à que não tem).

Vamos levar aos quatro cantos do mundo as qualidades do produto ou serviço que temos em mãos, contando sempre uma história verdadeira!?

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